Festas religiosas no
oriente, zonas de guerra, o cotidiano em países como Índia, Nigéria e Paquistão
ofereceram ao fotógrafo americano Steve Mccurry
material para capturar imagens que traduzem sofrimento e alegrias. O
conjunto de imagens carrega o conflito da alma, a contradição da própria vida
que não pode se limitar a definições superficiais.
Algumas imagens como “Menino
em Pleno Vôo” (2007) e “Pescadores” (1995) transmitem a sensação de liberdade –
não somente a liberdade daquele menino que corre ou dos pescadores que
enfrentam a força do mar – mas uma sensação que pode ser compartilhada
universalmente, mesmo para quem nunca esteve nos lugares fotografados.
Mccurry tem a capacidade de
olhar o detalhe e o plano geral. Em algumas imagens elege dá prioridade ao
detalhe, como na série de retratos que valorizam o olhar dos fotografados. Em
outras fotografias é o plano geral que fala de maneira eloqüente, como na
imagem que mostra monges budistas em frente a uma enorme pedra considera
sagrada por eles. A escolha do detalhe ou do plano geral é fundamental para a
expressão da imagem.
Sharbat Gula, a menina afegã
fotografada em 1984, virou um ícone do trabalho de Steve Mccurry. É uma
atribuição de valores que não se justifica somente pela qualidade da imagem,
mas pela aura criada em torno dela. Vale observar mais atentamente outros
retratos, que igualmente parecem revelar a alma dos fotografados.
Falar do uso das cores pode
parecer dispensável, já que é tão recorrente no conjunto da obra de Mccurry.
Mas não é possível ignorar esta qualidade do trabalho porque as cores compõem
cenários fantásticos. Mccurry valoriza a combinação ou contraste de cores, como
na imagem do homem pintado de verde, num aparente estado de êxtase, cercado de
outras tantas pessoas pintadas de vermelho. A imagem capturada na Índia em 1996
é um bom exemplo de equilíbrio entre forma e conteúdo.
O fotógrafo tem
disponibilidade para encontrar o imprevisível e buscar nesta situação o objeto
a ser fotografado. Sobre isto, ele mesmo já disse: “Você não pode ficar preso
no que você pensa ser o seu destino. A jornada é tão importante quanto o
destino”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário